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quinta-feira, 21 de julho de 2016

A EVOCAÇÃO SEXUAL



O emprego das energias sexuais, atrelado às práticas herméticas, data do mais remoto passado da humanidade. Diacronicamente, isto é, ao longo das eras, observa-se que, deste os primeiros cultos à fertilidade até os dias atuais, tal associação jamais demonstrou o menor sinal de declínio. Conforme nos relata Runyon em "O Livro da Magia de Salomão", o berço de um grande número de religiões se encontra na antiga Canaã. As religiões baseadas nos cultos a Bael e a Astarte floresciam ao lado dos recém chegados israelitas. Sabe-se que a dança hora, comum nos casamentos judeus, era chamada de círculo de danças das prostitutas sagradas. Os templos dedicados a Afrodite em Érix, Corinto e Chipre funcionavam com o auxílio de inúmeras sacerdotisas dedicadas ao ato sagrado. Tanto em Roma quanto na Grécia antigas, existiam as virgens vestais dos templos que se dedicavam a conjugar o ofício religioso com práticas sexuais — elas tinham que manter a chama sagrada do santuário sempre acessa.



É com o surgimento do cristianismo que se vai verificar um enfraquecimento das práticas sexuais no interior dos templos. Aliás, não só a magia sexual, mas a magia em geral, neste momento particular da História, foi intensamente rejeitada e desprezada. É devido a este momento de perseguição que vamos compreender o porquê da exigência do segredo, da linguagem cifrada e obscura dos mistérios e da criação de uma aura mística em torno de tudo aquilo que era considerado esotérico. Na verdade, tudo isso foi um mecanismo de auto-defesa e proteção contra perseguições. Ainda hoje, rastros destes procedimentos podem ser verificados em alguns círculos hermetistas; mas notamos que a Era de Aquário já está modificando, significativamente, tal postura.

A despeito das perseguições perpetradas contra o hermetismo em geral e a magia sexual em particular, esta continuou a existir sempre maquiada por metáforas. Exemplos são encontrados na Idade Média europeia. Naqueles tempos, temos os sabbaths negros das bruxas montadas em suas "vassouras" e a Magia Enochiana na qual seus "fundadores" – Dee e Kelly – realizaram atos sexuais com suas parceiras durante as operações angélicas. Entre os séculos XVI e XIX, a Igreja Católica ordenou um número muito maior de padres do que o necessário. Uma boa parte destes ampliavam suas rendas através da realização de Missas Negras que, não raro, empregavam a Corrente Ofidiana. Nesta mesma época, a goécia ("Arte gritada", devido aos antigos evocadores, que tinham de gritar os nomes sagrados durante os rituais) já estava praticamente delineada, tal qual a conhecemos hoje. Assim como muita coisa da tradição mágica está alegorizada, o mesmo é válido para a magia sexual. Certamente, bastões e varas, caldeirões e taças são mais que instrumentos: representam os elementos masculinos e femininos empregados em um ritual.



No século XIX, a Ordem do Templo do Oriente (Ordo Templi Orientis, ou O.T.O), a Ordem Hermética do Áureo Alvorecer, a Irmandade Hermética de Lúxor, dentre outras organizações, deram continuidade ao uso secular da magia sexual. Sabemos que, apesar do esforço destas organizações, o contexto histórico como, por exemplo, a Era Vitoriana não permitiu que elas explicitassem os Mistérios em sua completude, levando-as a optar pelo obscurantismo linguístico.



Na aurora do século XXI, notamos que o preconceito quanto ao uso da energia sexual ou ofidiana, nos ritos espirituais, tem se afrouxado, ainda que de maneira tímida e parcial. Se dizemos que é de forma tímida e parcial é porque, por experiência própria, sabemos que ainda há muita incompreensão neste particular. Não faz muito tempo que a Ordo Tifoniana Occulta foi deveras criticada devido à exposição de algumas fotos com ritos de natureza sexual.

A seguir, falaremos um pouco da goécia combinada com o uso da energia sexual ou Corrente Ofidiana . É muito comum encontrarmos publicações com frases como estas: a chave dos mistérios manteve-se velada e secreta para que os não- iniciados não pudessem fazer mau uso do conhecimento. Bem, por mais abertamente que possamos falar ou revelar o segredo, enquanto o adepto não despertar sua paranormalidade ou como chamamos na Tradição Oculta, ir Contra a Luz , jamais terá acesso real ao mistério por trás do segredo. Isso ocorre assim porque o que nós revelamos são modelos de pensamento, não a gnose. Portanto, aquela acusação de que nós levantamos o Véu de Ísis a uma altura indecorosa é pífia, rasa e sem sentido. A partir daqui não usaremos termos poéticos e floridos para tratar do assunto e sim uma linguagem direta, sem rodeios. Pedimos desculpas aos amantes do obscurantismo, das cifras e dos códigos. Também é importante frisar que esta prática é dedicada a magistas experientes, que já tenham suficiente conhecimento teórico-prático do tema. O que apresentamos é uma forma de potencialização da prática goética, através da energia sexual inteligente e habilmente direcionada.

Evocação Goética: Elementos Essenciais:

Há diversas abordagens acerca das evocações goéticas. Acreditamos que todas são válidas. Cada magista é livre para optar por aquela que melhor se alinhe com seu próprio gosto ou mesmo, com a devida experiência, desenvolver sua própria abordagem do assunto.

Para uma evocação goética são requeridos um Círculo cerimonialmente traçado às vezes, chamado de Círculo de Salomão e de um Triângulo o famoso Triângulo da Arte. Obviamente, todos os participantes devem estar dentro do Círculo. Embora não haja a exigência de um número específico de participantes para uma operação desta natureza, deve-se observar um mínimo de 03 e um máximo de 11.

Tanto o Lemegeton quanto as Clavículas de Salomão recomendam que o Círculo tenha 2,70m de diâmetro. No entanto, um Círculo que irá comportar atos de magia sexual, terá que ser maior. Uma boa medida seria um Círculo de 5 metros. Também aqui cada um terá que fazer as adaptações necessárias. O Círculo é a proteção dos participantes e deve ser devidamente traçado e consagrado durante a cerimônia.

A Utilização Ritualística da Corrente Ofidiana:

O uso da Corrente Ofidiana é apenas um caminho traçado sobre um plano: ao magista cabe o dever de erigir a vela de seu barco e orientá-lo na direção onde brilha o Sol.

Há métodos de auto-magia sexual (masturbação) para praticantes solitários e que não serão o foco deste ensaio. O que aqui propomos é para uma dupla ou um grupo que pratique magia cerimonial.

Há dois elementos fundamentais na magia sexual e que são usados para elevar os níveis de energia e para focar todas as etapas do processo goético. O primeiro é o orgasmo. O poder do orgasmo contribui para movimentar e elevar a energia do processo mágico. Os participantes devem estar envolvidos com a preparação do ritual, o traçado do Círculo e do Triângulo, com as conjurações, bem como atentos ao propósito do ritual. A concentração intensa durante o orgasmo (ou a pequena morte, como era chamada pelos autores do século XIX) fortalece a vontade e facilita a manipulação energética da cerimônia. Faz-se mister observar que, se os participantes perderem o foco no propósito do ritual e deixarem-se levar apenas pelo sexo em si, sabotarão e arruinarão a operação, como demonstrado no início desse ensaio.

O segundo elemento, são os fluidos provenientes do corpo no momento do orgasmo. Esses fluidos ou kālas, em parte porque foram produzidos durante o ritual, apresentam propriedades mágicas. Eles podem ser usados para uma variedade de propósitos: podem servir como pomadas e óleos, podem ser usados na consagração de amuletos e outros instrumentos mágicos, incluindo o próprio círculo mágico.

Para produzir esses fluidos pelo menos uma mulher se faz necessária para atuar como "sacerdotisa" durante a cerimônia. Uma mulher é o suficiente; naturalmente pode-se ter mais e tudo vai depender de quantas operações cada grupo realiza regularmente. De qualquer forma, em uma cerimônia somente uma sacerdotisa deve ser consagrada como representante da Deusa. A interrupção e distração na troca do papel principal na cerimônia interrompe o fluxo e a focalização da operação. Além disso, a mulher-sacerdotisa deve estar realmente desejosa de participar da cerimônia e de se entregar completamente à mesma. Se isto não for verificado, ter-se-á um "curto-circuito" no ritual. Outra necessidade, é que ela seja uma iniciada competente. Uma mulher despreparada não é capaz de utilizar com proficiência a Boca da Yoginī como fonte de emanação de forças além do nível de consciência ordinária (Toda mulher é uma incorporação da Deusa, mas nem todas as mulheres estão preparadas para encarnar a Deusa).

Algumas tradições permitem o uso de expansores de consciência suaves para a indução de transes e outras não. Cada grupo deve determinar seus próprios critérios quanto a isto. A ingestão destes expansores ou (plantas de poder), por parte de um grupo experiente e que não utiliza esses artifícios para velar seus vícios, auxiliam os participantes e a sacerdotisa a se manterem focados no processo ritualístico.

Consagrando o Círculo de Proteção:

Um lugar deve ser escolhido para a construção do Círculo. Pode ser um lugar fechado, como um templo, ou um lugar ao ar livre. Em ambos os casos, a necessária privacidade deve ser observada para evitar inconveniências e incompreensões quanto à natureza de tais práticas.

Lembramos que esta prática de consagração fará uso da energia sexual e um mínimo de 03 e um máximo de 11 participantes deve ser observado. Como há diversos tipos de círculos de proteção, construa o seu Círculo de acordo com a técnica que você normalmente utiliza para traçar seu Círculo de magia.

Dois altares devem ser erguidos:

Um para a sacerdotisa, que será seu trono, que fica no centro do círculo. Este altar deve ser construído sobre uma superfície macia (tapete, por exemplo) para conforto da sacerdotisa. Deve também conter uma almofada para que a sacerdotisa possa elevar seu ventre, a fim de que sua yoni esteja em relevo, facilitando o congresso sexual. Também podem ser colocados suportes nas laterais para que ela possa se firmar durante a execução do Arcano. Logo abaixo do altar da sacerdotisa, deve estar um container — normalmente um cálice — para receber os fluidos sexuais.

O outro para o Magista Oficiante — nele se colocam as armas necessárias ao trabalho.

Após a construção do Círculo, a sacerdotisa é entronizada em seu lugar. Ela pode estar nua ou não, dependendo do tipo de operação. O magista oficiante entra no Círculo. Ao chegar ao centro dele, remove seu robe e, após a consagração da sacerdotisa, dá início a cópula. Ele, em total estado de concentração; ela, neste ponto, em completo transe ofidiano.

Após o clímax, o oficiante veste seu robe e inicia a consagração do Círculo. Os demais participantes, o tempo todo, vibrando os nomes bárbaros de evocação seguindo o ritmo do ritual, bem concentrados na consagração do Círculo. Existe uma prática conhecida como cakra-pūja onde todos os participantes participam da cópula. Mas este tipo de operação exige uma concentração en masse. Essa prática pode ou não conter outras sacerdotisas oficiantes e todo o ritual deve ser executado em duplas ou pares.

Os fluídos corporais ou kālas coletados no container são levados ao altar do oficiante. Se ainda restar qualquer resíduo de fluídos na sacerdotisa, ele deverá ser recolhido no container.

Os fluidos são misturados em partes iguais com o óleo de Abramelin. Essa mistura é utilizada para se traçar novamente o Círculo e finalizar sua consagração. A união dos fluídos corporais com o óleo de Abramelin torna o Círculo perfeito, uma vez que gerará uma substância que é a soma da essência individual dos participantes-oficiantes. Este gesto irá adicionar um poder extra aos ritos realizados no Círculo, especialmente para aqueles que efetivamente contribuíram para sua formação e consagração. Se sobrar algum fluido, ele pode ser guardado e usado para outra operação mágica, dentro de um espaço curto de tempo. No entanto, o fluído é mais eficiente quando obtido e utilizado em seguida, por ter maior potência energética. O Círculo deve ser "reconsagrado" desta forma pelo menos uma vez ao ano.

Evocações:

Uma vez que o Círculo foi devidamente preparado, podemos, agora, realizar as evocações goéticas. Uma vez mais, esbarramos com diversas formas de fazê-la: desde as mais complexas até as mais simplificadas. Use a que estiver mais familiarizado.

Antes de iniciar o ritual, o magista oficiante precisa definir qual será a entidade a ser evocada e informar a todos. Em seguida, desenhar o sigilo (yantra) daquela entidade com um material que resista ao suor e uma tinta que não manche ou desbote durante a prática.




Utilizamos a energia sexual nas evocações goéticas da mesma maneira que a utilizamos na consagração, descrita em epígrafe. A sacerdotisa está nua e é entronizada no altar, no centro do Círculo. Ela deverá estar com a yoni mais elevada, preparada para o viparita-maithuna. Portanto é importante sempre ter uma almofada, ou outro objeto adequado, que permita à sacerdotisa ficar mais elevada.

Depois que todos os participantes forem admitidos ao interior do Círculo e após o mesmo estar devidamente traçado, de acordo com os procedimentos habituais ao magista oficiante, este deve despir-se. Ele deve pintar o sigilo do espírito goético a ser evocado por toda a sacerdotisa. No caso do cakra-pūja, o sigilo assim disposto nas sacerdotisas permitirá que cada participante foque sobre ele enquanto realiza o coito sexual. De qualquer maneira, à medida que o sacerdote e sacerdotisa iniciam o abraço místico, as evocações devem ser por ele emitidas e acompanhadas por todos.

Alguns praticantes se preocupam com a possibilidade de um (convite deliberado) aos espíritos goéticos pelo fato do sigilo estar na sacerdotisa. No entanto, é preciso considerar que o sigilo está dentro do Círculo de Proteção e, portanto, não constitui um "convite" ao espírito a ser evocado para ali se manifestar. Obviamente, que o (convite) faz parte da própria cerimônia e o espírito chamado estará do lado externo ao Círculo e que deve ser confinado ao Triângulo pelo magista oficiante. [Existe outra prática goética em que o Círculo não mais serve como "proteção", mas como um portal de ingresso e egresso de entidades telúricas e ctonianas.]

Às vezes, alguns grupos optam pela presença de uma pitonisa ou um clarividente na cerimônia. Dependendo do ritual, a pitonisa ou o clarividente devem ser excitados. Isso irá permitir que haja duas pessoas em transe ofidiano realizando as evocações, enquanto os demais continuam a elevar o nível da energia através da entoação dos nomes bárbaros de evocação e, no caso do cakra-pūja, através do intercurso sexual coletivo. É preciso observar que se trata de um rito goético que tem na Corrente Ofidiana seu diferencial operacional; este ato serve para criar um elo entre todos os participantes do ritual através do solícito sacrifício ou uso da energia sexual.

O ritual deve prosseguir com o magista oficiante em coito e o clarividente fazendo os conjuros, acompanhados de cada participante realizando suas conjurações. O ideal é que o coito ocorra durante todo o tempo das chamadas. A sacerdotisa deve ser mantida, o tempo todo, em seu altar e se possível na Gnose ou transe ofidiano.

Deve-se observar que a unificação da goética com a energia sexual produzirá uma convocação poderosa das entidades goéticas. Os resultados das convocações serão também mais potentes.

Os fluidos coletados durante as operações podem ser usados para uma variedade de propósitos. Algumas entidades goéticas requerem gratificações. Os fluídos, se especialmente misturados com os aromas próprios da entidade convocada, podem ser uma excelente oferenda. E mais, os fluídos que sobrarem podem ser divididos com os participantes ou guardados para usos futuros. Uma substância magicamente carregada é melhor de se usar logo após sua obtenção e ela ainda pode ser aplicada como loção, como agente consagrador de amuletos, talismãs; pode ser empregada para a obtenção de saúde, aumento da força vital no organismo, magnetismo, maior poder de atração sexual, desenvolvimento de dons paranormais, concretizações de projetos ou desejos legítimos, dentre outros.

A Responsabilidade na Utilização da Corrente Ofidiana:

É inegavelmente sedutora a ideia de se unir energia sexual aos ritos mágicos em geral e ao goético em particular. No entanto, não podemos deixar também de refletirmos sobre os principais inconvenientes que esta prática pode ocasionar: doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada.

Como o objetivo do rito é obter uma mistura de fluidos masculinos e femininos, a camisinha não pode ser empregada. Daí a importância de que todos os participantes sejam saudáveis. A melhor forma de garantir isto é através de exames periódicos e de uma conduta que não seja promíscua por parte dos participantes.

A gravidez é outra questão preocupante. Assim, precauções se fazem necessárias. Uma criança concebida numa operação mágica será portadora de habilidades e capacidades interessantes. [O filho de um dos autores foi fecundado e concebido dentro de uma operação mágica. Foi constatado que a criança foge aos padrões convencionais.]

Além das questões físicas (doenças e gravidez), a magia sexual também requer um intenso trabalho sobre nossos próprios limites, conceitos e pré-conceitos. Somos testados em nossa personalidade, em nosso aspecto emocional, espiritual e também confrontados por valores sociais. Muitas são as tocaias e armadilhas que podem surgir: apego, ciúme, possessividade etc. Nesta direção, cada um deve fazer uma análise, uma profunda reflexão, considerando todos os prós e os contras, antes de se lançarem às práticas sexuais com um grupo de magistas. E mais importante é se perguntar: o que realmente está me motivando a praticar magia sexual? Seja sincero e conheça suas reais motivações, nunca a magia será culpada por seus erros. Esta é uma senda de maturidade e de responsabilidade pelas próprias ações.

Além disso, existe a necessária transparência para as pessoas que são casadas ou que tenham relacionamentos estáveis. É importante que o outro saiba o que você faz, para não configurar traição. Sabemos que aqui pisamos num terreno movediço e cabe a cada um ser honesto; primeiramente, consigo mesmo e a máxima: faça aos outros aquilo que gostaria que fizessem a você, é tudo o que podemos dizer. A cada um, sua consciência.

Algo fundamental é o respeito pela sacerdotisa do grupo. Ela jamais deverá ser vilipendiada ou abusada. Ela está se doando para o benefício de toda a coletividade e contribuindo superlativamente para o sucesso das operações. Sem dúvida, não é fácil encontrar uma sacerdotisa que se entregue de alma e corpo a esta função. Daí mais um motivo para sua valorização e respeito. Trate-a como uma deusa, a divina Śakti encarnada.

Outra coisa importante: o sadomasoquismo não deve ser praticado, pois foge ao escopo e ao objetivo do ritual. Aliás, se o grupo se desviar do foco do ritual e se aterem exclusivamente ao sexo e à realização de taras pessoais, em pouco tempo surgirão problemas, querelas, desentendimentos e a dissolução do grupo. As razões para isso são simples e se encontram no "choque de retorno".

As técnicas que aqui indicamos podem ser aplicadas de outras formas e cabe ao dinamismo do grupo, de acordo com seus objetivos específicos, fazer os arranjos que forem necessários para que possam somar a energia sexual às suas práticas. Essas técnicas podem ser combinadas a outras como a Magia Enochiana, por exemplo. Use sua criatividade, faça adaptações, mas, sobretudo, não se esqueça que o foco é a operação mágica em si.

O ato sexual quando realizado sob vontade, sem desvios de propósito; quando a união entre os participantes ocorre dentro de todos os níveis (físico, emocional, mental) de seus respectivos seres, suas forças aumentam tanto psíquica, quanto fisicamente. Assim, um apelo vibrante é feito e este apelo será atendido.

Sem dúvidas, a energia sexual é a maior força mágica da natureza. Do amor nascem, segundo as circunstâncias, as paixões, os arrebatamentos, os estímulos para a criação divina ou humana, o surgimento de deuses ou demônios. No entanto, os usos e aplicações dessa magia simples e eficaz só é possível a um verdadeiro iniciado. É uma trilha destinada e reservada a poucos seres humanos que sejam capazes de utilizar com ética, desprendimento, inteligência, maestria pessoal e de forma útil esta sagrada energia que lhes habita o interior. Lembrem-se disto.


Fonte: O Submundo

sexta-feira, 15 de julho de 2016

MAGIA SEXUAL



Magia Sexual é o uso do sexo como uma ferramenta na magia. Apesar de ser completa, essa definição não é útil, posto que trata-se de um tema extraordinariamente amplo, principalmente se aceitamos a premissa de que "todo ato intencional é um ato de magia".

No uso comum, o termo "magia sexual" e aplicado mais especificamente aos rituais e fórmulas mágicas que fazem uso do ato sexual propriamente dito como um elemento integrante. Como tal, ele está relacionado ao tantra que envolve o uso do sexo (e energias e funções relacionadas) como um elemento da yoga. De fato, as disciplinas e técnicas do tantra são extremamente úteis na magia sexual. Uma completa fundamentação teórica e prática em tantra representa uma preparação efetiva para a magia sexual.



Técnicas de magia sexual podem ser usadas em qualquer operação, mas o simbolismo e mecanismo particular do sexo o tornam mais apropriado para trabalhos que envolvam a união de opostos, criação e transformação. Qualquer operação mágica bem sucedida cria uma "criança mágica" em algum plano, mas esse efeito é especialmente forte nas operações sexuais. Obviamente, um plano potencial no qual tal criança pode aparecer é o plano material, se a concepção ocorrer; veja a novela de Aleister Crowley, Moonchild para um relato fictício e ilustrativo de tal caso.



Também Goethe, o grande iniciado alemão, declarava-se pela existência mágica do ser criador; por uma magia anímica que atua sobre os corpos. A lei fundamental de todos os influxos mágicos baseia-se na polaridade. Todos os seres humanos, sem exceção, têm algo de forças elétricas e magnéticas e exercem, qual um magneto, uma força atrativa e outra repulsiva.

Entre os homens e mulheres que se adoram é especialmente poderosa essa força magnética, e sua ação atinge longa distância.

A palavra magia deriva-se da raiz sânscrita Mahas; em latim, Magis; em persa, Maga; em ariano, Mab; em alemão, Mebr, ou seja, Mas, significado do próprio sentido de saber e conhecer além da medida comum.



Em nome da verdade devemos dizer-lhes que não são hormônios ou vitaminas patenteadas o que necessita a humanidade para viver e sim do completo conhecimento do Tu e Eu e do intercâmbio inteligente de mais seletas faculdades afetivas entre o homem e a mulher.

A Magia Sexual, o Maithuna, fundamenta-se nas propriedades polarizadoras do homem e da mulher porque eles têm o seu elemento potencial no phalo e no útero. A função sexual desprovida de toda espiritualidade e de todo amor é unicamente um polo da vida.

Muitas organizações esotéricas ensinam (ou dizem ensinar) formas particulares de magia sexual, inclusive a Ordo Templi Orientis.

Magia sexual na Ordens e na O.T.O.:

As práticas e técnicas de Magia Sexual tiverem origem provável nas práticas hindus, extendendo-se ao Ocidente através de expoentes como Sir Richard Burton (Sir Woodroofe) através de seus escritos, como o Kamasutra e outros; e Pascal Bervely Randolph por sua Hermetic Brotherhood of Light e escritos.


Outro destaque, fica por conta de Karl Kenner ao fundar a Ordo Templi Orientis, utilizando as práticas tântricas sexuais orientais, provavelmente obtidas de P. Bervely Randolph. Posteriormente Crowley filia-se à ordem e rapidamente alcança seu maior grau, IXº Grau. Todas suas experiências mágico-sexuais estão registradas em diários.

A ordem era dividida em dez graus, sendo que o 10º era administrativo e os anteriores eram agrupados em 3 triadas, cuja a última era relativo às práticas sexuais respectivamente:
Grau VIIº - masturbação - onde sozinho o magista utilizava a força do orgasmo para alimentar um trabalho mágico (egrégora ou larva astral) ou como é chamado ritualisticamente, um "filho mágico".
Grau VIIIº - magia realizada com um enten astral.
Grau IXº - heterossexual - onde um casal heterosexual utiliza a força da relação para alimentar o objetivo, consistindo de intenso controle mental e consumação do Elixir (fluidos sexuais de ambos) na geração do "filho".

Posteriormente Crowley adiciona o XIº (décimo primeiro) ao sistema, imputando-lhe características que são homossexuais, cuja projeção e recepção da força masculina (kteis e phallus) é utilizada, onde a mulher não pode executá-lo devido a sua natureza passiva (kteis), i.e., não podem manifestar a penetração (phallus).

A antiga Fraternitas Saturni a utilizava na manifestação da egrégora da ordem, um ser de características Saturninas chamado Gotos. Marcelo Motta tinha algumas teorias sobre o processo. Segundo ele, o XIº poderia sevir de porta entre a OTO e A.·.A.·. (8°=3°) e Kenneth Grant defendia suas próprias teorias do XIº, utilizando os Kalas.

Os rituais da ordem, bem como seu mais famoso segredo, foram todos publicados em 1973, por Francis King no livro "The Secret Rituals of the Ordo Templi Orientis", pela editora Samuel Weiser.


Facilmente mal-interpretada (devido a repressão e ignorância sobre o sexo e suas consequências), a magia sexual, foi (e ainda é) utilizada para satisfações de desejos ou perversões sexuais de pessoas mal-intencionadas.

Alguns textos escrito por Aleister Crowley sobre magia sexual:

Compartilho abaixo alguns links para textos escrito por Aleister Crowley (clique AQUI e saiba mais sobre ele). Os textos se encontram na língua inglesa, mas se alguns dos amigos e amigas se interessar pelo assunto, essa pode ser uma importante fonte adicional de conhecimento.

  • Moonchild - (Clique AQUI para acessar);
  • Energized Enthusiasm - (Clique AQUI para acessar);
  • Of Eroto-Comatose Lucidity - (Clique AQUI para acessar);
  • The Paris Working - (Clique AQUI para acessar);



Fontes: Wikipédia, Gnosis Online e Ocultura

terça-feira, 12 de julho de 2016

SIGILO: SÍMBOLO USADO NA MAGIA



Um sigilo (do latim sigillum, diminuitivo de signum, "sinal") é um símbolo desenhado para um propósito mágico específico. São desenhados para representar um glifo, composto de uma variedade de símbolos ou conceitos com a intenção desejada e inherent iconic meaning. Essencialmente, sigilos são ícones simbólicos que são representações comprimidas de idéias ou informações mais complexas.

Um sigilo possuir uma forma asbtrata, pictórica ou semi-abstrata. Pode aparecer em qualquer meio, seja físico ou virtual, ou apenas na mente. Símbolos visuais são a forma mais popular, mas o uso de outros símbolos audíveis e táteis na magia não é de total desconhecimento.

Austin Osman Spare, em seu "Zos Kia Cultus", refinou o uso de sigilos até que pudessem ser usados por si sós, ou seja, fora de um ritual. Sua técnica, agora conhecida como "sigilização", se tornou um elemento da Magia do Caos (clique AQUI para saber mais) e a partir dai, passou a ser mais popular na magia ocidental.

Sigilos possuem muitos usos potenciais. Proteção espiritual é um deles, especialmente quando usados durante um trabalho goético. Ele pode também ser usado para obter determinado fim desejado, escrevendo tal resultado em uma forma simbólica, e então queimando-o.

No método de "energização" desenvolvido por Austin Osman Spare, são realizados os seguintes passos (em uma abordagem rápida):

Escrever o seu desejo (o mais objetivo possível), eliminar as letras repetidas e, com as outras, montar uma figura (desenho ou símbolo) que em nada lembre as letras. Utilizando qualquer método de gnose (masturbação, por exemplo), na hora do estado alterado de consciência, fixe no desenho (o mais difícil é ficar apenas com o objetivo em mente, sem nenhum outro pensamento). O objetivo é eliminar o consciente, e mandar o objetivo para o inconsciente direto, gerando o "filho mágico", porém, o objetivo deve ser esquecido o mais rápido possível. Guardar o desenho e queimar quando o desejo se realizar.

Em um contexto pós-moderno, empresas podem usar suas logomarcas como sigilos trabalhados para alcançar um determinado grau de prestígio ou poder. A ideia que esses símbolos sejam usados como armas magicas é muito popular entra alguns ocultistas.

Fonte: Ocultura

domingo, 10 de julho de 2016

GOETIA/GOÉCIA



Uma das etapas mais importantes do desenvolvimento mágico na Tradição Esotérica Ocidental, mas também uma das mais incompreendidas, é o trabalho goético, ou invocação dos demônios. Foi sobretudo graças à Goécia que a magia adquiriu uma reputação tão sinistra no ocidente, especialmente em uma sociedade como a medieval, em que a palavra demônio evocava a noção de criaturas infernais, dotadas de chifres e rabo pontiagudo, sempre com um tridente na mão e envoltas em exalações sulfurosas. Essa idéia era compartilhada tanto pelo pio cristão quanto pelos pseudomagos que se aproximavam do trabalho goético ávidos por fama e poder, o que deu origem à lenda popular do pacto com o Diabo, que acabou se cristalizando na lenda de Fausto.

Foi só a partir das pesquisas de McGregor Mathers, um dos fundadores da Golden Dawn, que a Goécia começou a recuperar seu sentido original. Rato incansável de biblioteca, Mathers descobriu, traduziu e publicou a obra mais importante da tradição goética, a Clavícula de Salomão, cujas instruções serviram de base para a composição do Livro da Serpente Negra, o qual registra a versão Golden Dawn da Goécia. Na interpretação moderna adotada por Mathers e seus colegas, os demônios com os quais a Goécia trabalha são vistos como uma personificação das forças sombrias que agem nas profundezas da psique do próprio mago. Elas tornam-se demoníacas na medida em que são apartadas da consciência e, conseqüentemente, se voltam contra esta, o que não deixa de antecipar as teorias freudianas sobre o recalque e o retorno do recalcado. O objetivo do trabalho goético é recuperar essas forças e integrá-las à totalidade da psique, transformando-as em energias positivas que contribuem para a evolução interior do mago.

Com o costumeiro tom pragmático e pé-no-chão que adotava sempre que não estava preocupado demais em impressionar os basbaques com sua persona de Grande Mago, Crowley foi direto ao ponto, na célebre introdução que escreveu para a tradução de Mathers da Clavícula de Salomão: “Os espíritos da Goécia são parcelas do cérebro humano.”


Mais prudente que Crowley, Israel Regardie evita atribuir uma base cerebral para os demônios goéticos, mas não deixa de insistir sobre o paralelo entre eles e os complexos inconscientes estudados pela psicanálise:

complexo, enquanto for um impulso subconsciente oculto, à espreita e destituído de configuração ou forma no inconsciente do paciente, ainda com força para romper a unidade do consciente, não pode ser adequadamente confrontado. A mesma base racional subjetiva estende-se ao aspecto goético da magia, a evocação dos espíritos. Enquanto na constituição do mago permanecem ocultos, descontrolados e desconhecidos esses poderes subconscientes, ou espíritos (…), ele é incapaz de enfrentá-los adequadamente, examiná-los ou desenvolvê-los visando modificar um e banir outro do campo total da consciência. Eles precisam assumir forma antes que possam ser usados. Mediante um programa de evocação, porém, os espíritos ou poderes subconscientes são convocados das profundezas, e sendo atribuída a eles forma visível no triângulo de manifestação, podem ser controlados por meio do sistema mnemônico de símbolos transcendentais e conduzidos ao terreno da vontade espiritualizada do teurgo.

Mesmo que Regardie use palavras com as quais os psicólogos contemporâneos não se sentem muito à vontade – como subconsciente, por exemplo -, sua descrição da Goécia é clara o suficiente para reconhecermos que o trabalho goético não é outra coisa senão o que os junguianos denominam de confronto com a sombra.


Sombra:

Classicamente, a psicologia junguiana define a sombra como os aspectos da personalidade que o ego se recusa a reconhecer e que, dessa forma, são banidos para o inconsciente. Os motivos dessa recusa são vários mas, de um modo geral, têm uma base sociocultural: o indivíduo reprime aqueles traços que não são valorizados pela sociedade ou que, durante a infância, os pais o ensinaram a encarar como feios, maus ou indesejáveis. Alguns desses elementos foram simplesmente expulsos do campo da consciência. Outros nunca chegaram a fazer parte dele e foram barrados antes mesmo que tivessem condições de se desenvolver. Formam a base do que Jung descreveu como o inconsciente pessoal e que coincide mais ou menos com o conceito de inconsciente que Freud desenvolveu no início da psicanálise, antes que formulasse a célebre distinção entre ego, superego e id.

Nos sonhos e fantasias das pessoas, os componentes da sombra costumam aparecer sob a forma de figuras perturbadoras, más ou demoníacas. De fato, a interpretação junguiana tradicional identifica os demônios da religião aos complexos que constituem a sombra, e é esse o fundamento da explicação que Regardie dá para os demônios goéticos. No entanto, é importante frisar que esses complexos não são bons ou maus em si mesmos. São forças psíquicas, moralmente neutras, e é apenas à luz dos valores do ego que eles adquirem uma conotação maléfica.

Para dar um exemplo, durante boa parte da história, a sociedade patriarcal classificou os sentimentos como um atributo feminino e inferior. A expressão dos sentimentos pelos homens era vista como sinal de fraqueza, o que ainda persiste em ditados como o de que “homem não chora”. Para onde vão os sentimentos que os homens são proibidos de exprimir? Para a sombra, claro. Uma vez lá, tornam-se complexos inconscientes, em constante pé-de-guerra com o ego, e que exercem uma influência perturbadora sobre a consciência, apossando-se dela em determinadas circunstâncias – por exemplo, quando o homem explode em um ataque de raiva incontrolável. Essa raiva é um demônio porque possui a consciência, escapa ao seu controle e causa efeitos destrutivos para o próprio indivíduo e para os que o rodeiam. Mas ela não é essencialmente má. É uma força positiva, o sentimento, que só se tornou destrutiva devido à repressão que a impede de ser canalizada de uma forma mais construtiva. A mesma coisa vale para todos os elementos que constituem a sombra.

Os junguianos freqüentemente se referem à sombra no singular, como se fosse uma entidade única, mas não devemos nos iludir com isso. A sombra é uma instância múltipla, composta por diferentes forças que só têm em comum o fato de terem sido reprimidas pelo ego, e que muitas vezes, além de estarem em conflito com a consciência, também se opõem entre si. Imagine uma multidão de demônios, pequenos e grandes, em constante luta uns com os outros, uivando, berrando, e você vai ter uma boa idéia do que se passa no território da sombra. É esse quadro que está na origem do termo goécia, palavra que em grego significa um uivo feroz e inarticulado.

O desenrolar do processo de individuação – que, como foi dito em outra parte, é nada mais, nada menos do que a iniciação de que falam os esoteristas – leva a consciência a se identificar cada vez menos com o ego, alargando seu campo para integrar os conteúdos do inconsciente, tanto do inconsciente pessoal quanto do coletivo. É inevitável, portanto, que em determinada altura do caminho, ela se defronte com o problema de recuperar a sombra, trazendo seus demônios para a superfície, exorcizando o caráter destrutivo dessas forças e integrando-as a seu próprio campo.


No âmbito da psicologia junguiana, esse trabalho é feito com a ajuda do terapeuta. Antes que a psicologia fosse inventada, contudo, as religiões e escolas esotéricas desenvolveram uma bateria de rituais com o propósito de alcançar esse objetivo. A magia goética, tal como descrita pela Clavícula de Salomão, é um desses procedimentos.


A Sombra e a Sístase:

Antes de continuar, consideremos a questão da sombra à luz do conceito gnóstico de sístase.

Quem vem acompanhando o Franco-Atirador há algum tempo deve se lembrar de que a sístase é o nome que os gnósticos davam para o sistema de dominação que aprisiona o ser humano, limitando seu potencial. Esse sistema tem ramificações que se estendem por todos os níveis, do cósmico ao psicológico, mas suas principais manifestações são:

1. Giger_bNo campo social, um conjunto de valores que determina o que é ou não aceitável, e inclusive o que deve ser considerado como real ou irreal. É o que o marxismo descreve sob a rubrica de ideologia.

2. No campo psicológico, padrões estereotipados de cognição e comportamento, que filtram as percepções das pessoas e moldam suas ações e interações. A psicanálise se refere a esses padrões como o superego.

3. No campo fisiológico, um sistema de tensões físicas – sobretudo musculares, mas não só – que impedem a energia de circular livremente pelo organismo. Reich batizou esse sistema de tensões de couraça caracteriológica ou couraça muscular.

Esses três níveis estão, obviamente, inter-relacionados. É a internalização da ideologia que está na origem do superego, e é o superego que se ancora no corpo sob a forma de um encouraçamento do organismo. Uma vez constituídos, superego, couraça e ideologia reforçam-se mutuamente em um circuito de retroalimentação (feedback). O circuito age como um filtro, que deixa passar algumas percepções, emoções e atitudes, com os quais a nossa realidade consensual (a visão que temos de nós mesmos e do mundo) é construída, enquanto outros, que não são considerados compatíveis com a realidade consensual, são sumariamente excluídos. O que mantém esse circuito funcionando é a energia dos próprios impulsos reprimidos, desviada e canalizada para alimentar o sistema.

Como o leitor deve ter percebido, a descrição gnóstica e a teoria junguiana da sombra descrevem a mesma coisa sob dois pontos-de-vista ligeiramente diferentes. A partir dessas duas visões, não é difícil perceber também que as relações entre o ego e a sombra são mais complexas, mais dialéticas, do que uma leitura superficial permitira supor. O mundo do ego rejeita a sombra mas, ao mesmo tempo, precisa da energia dela para existir. Nossa realidade consensual só se mantém à custa da força que extrai daquilo mesmo que ela exclui. Os impulsos reprimidos são transformados em demônios, mas são esses demônios que sustentam a estrutura que os reprime.


Conseqüentemente, é impossível superar a sístase enquanto ela for constantemente energizada pelo reprimido em nós. Daí que a integração da sombra, trazer os demônios do inconsciente à luz da consciência e, numa palavra, redimi-los, é uma condição sine qua non para a dissolução do estado de sístase. O que dá toda uma nova perspectiva ao trabalho goético.





A Clavícula de Salomão:

Apesar de ser atribuído ao rei Salomão – que, segundo o folclore judaico, tinha o poder de controlar os demônios do céu, da terra e do inferno -, o texto da Clavícula não tem nada a ver com o legendário soberano judeu. De acordo com os filólogos que estudaram a composição do texto, ele deve ter sido escrito por volta do sec. XII d.C., provavelmente na região do Império Bizantino, que herdou boa parte do conhecimento clássico e helenístico, inclusive no que se refere ao esoterismo.

Como todos os tratados de magia medieval, a Clavícula descreve um procedimento ritualístico bastante complexo, com a utilização de toda uma parafernália cerimonial de robes, pantáculos, amuletos e talismãs, que devem ser confeccionados seguindo à risca as precisas instruções contidas em cada capítulo. Um leitor moderno que vá ler o texto à procura de um manual prático ficará inevitavelmente decepcionado – pode-se dizer o que for dos rituais seguidos pelos magos medievais, menos que eles são práticos. Mesmo problema, aliás, do Livro de Abramelin. E não ajudam nada as constantes advertências de que o menor erro pode fazer com que a alma do mago seja arrastada para o inferno pelas entidades que ele imprudentemente evocar.

Mas não há motivo para susto. A razão pela qual a magia cerimonial antiga é tão abstrusa é a necessidade de mobilizar e canalizar as forças da imaginação, que são, afinal de contas, o único instrumento realmente necessário para a prática da magia. Todo o aparato que o mago é instruído a fabricar tem um significado acima de tudo simbólico, e espera-se que as dificuldades que ele vai encontrar ao fazê-los sejam suficientes para direcionar sua vontade em direção ao objetivo. Já no Renascimento, os criadores do que se tornou conhecido como magia hermética – Marsilio Ficino, Giordano Bruno e Pico della Mirandola, entre outros – compreenderam que uma capacidade de visualização bem-desenvolvida pode substituir com proveito essa tralha toda. A Golden Dawn aprofundou ainda mais essa trilha do uso mágico da imaginação, que consiste na visualização de símbolos e interação com eles em uma esfera puramente psíquica (o astral, como se costuma dizer). E AOSpare e a magia do caos levaram a tendência a seu limite extremo, substituindo até o simbolismo tradicional por símbolos e imagens que fossem eficientes e adequados à psicologia individual de cada mago.


(Por outro lado, para os que gostam da pompa e circunstância da magia cerimonial, Carroll “Poke” Runyon desenvolveu uma versão contemporânea da magia de Salomão que, embora eu não tenha testado na prática, me pareceu bem interessante e vale pelo menos uma olhada, apesar das horrendas ilustrações kitsch com que ele recheou seu livro…)





O Círculo Mágico e o Triângulo da Manifestação:

Alegorias de escola de samba à parte, a magia goética se apóia sobre dois instrumentos: o círculo mágico e o triângulo da manifestação. Circle_goetiaO círculo mágico é um velho conhecido de todos os que estudam magia. É no interior dele que fica o mago e sua função tradicional é protegê-lo das forças que o ritual se destina a evocar. Autores contemporâneos, embora não neguem esse papel de proteção, tendem a ver o círculo mágico muito mais como a constituição de um espaço sagrado, separado da realidade quotidiana, no interior do qual a consciência se desloca para um estado alterado no qual a magia é possível. (Um exemplo dessa nova abordagem do círculo mágico pode ser encontrada aqui.) De qualquer forma, embora o mago medieval laboriosamente traçasse o círculo fisicamente no chão, não existe motivo pelo qual ele não possa ser simplesmente visualizado, que é a alternativa adotada por um bom número de adeptos nos dias de hoje.

A mesma coisa se aplica ao triângulo da manifestação, no interior do qual muitas vezes colocava-se um espelho mágico. De acordo com a Clavícula, ele deve ser feito de madeira, com as dimensões exatadas dadas pelo texto, mas pode-se perfeitamente visualizá-lo apenas na imaginação. Como o próprio nome diz, é no interior do triângulo que as entidades evocadas se manifestam. E as explicações dadas por Regardie e outros deixam bem claro que seu valor é antes de mais nada simbólico.


Identificando os demônios pessoais:

Levando-se em conta o caráter simbólico de seus elementos, o ritual goético pode ser simplificado ao extremo, tornando-se uma forma de meditação voltada para a integração dos conteúdos que compõem a sombra.

O primeiro passo é identificar esses conteúdos. Você pode preferir trabalhar com os próprios demônios goéticos que, afinal, em última análise, são uma personificação das tendências sombrias da psique. Se optar por essa alternativa, vai encontrar uma descrição pormenorizada dessas entidades em qualquer edição da Clavícula de Salomão (no início do post, dei o link de uma). Eu, porém, não recomendo essa abordagem. Embora sejam uma representação arquetípica, os demônios da Goécia são também clichês elaborados em um contexto – o do cristianismo medieval – que tem pouca ou nenhuma relevância para a psique contemporânea. E apesar do núcleo da sombra ser constituído de partes arquetípicas, ela é também uma montagem altamente individualizada de impulsos reprimidos e traços negativos da sua personalidade. Ou seja, todo mundo tem uma sombra, mas a sombra não é igual para todo mundo. Por esse motivo, é preferível dar espaço para que seus demônios pessoais se revelem sob uma forma igualmente pessoal, em vez de tentar encaixá-los na marra em uma representação coletiva.

Normalmente, as partes da sombra podem ser identificadas através de suas manifestações emocionais. São emoções que se apoderam subitamente da consciência sem causa aparente ou com uma intensidade desproporcional a sua pretensa causa. Por exemplo, ataques de raiva cega ou destrutiva, sentimentos de opressão ou depressão não motivados (pelo menos, não inteiramente) pelas circunstâncias externas, inveja ou ciúme patológicos, etc.

Antes de proceder ao trabalho goético propriamente dito, é preciso mapear esses sentimentos. Uma forma simples de fazer isso é manter um registro escrito no qual se anota escrupulosamente todos os sentimentos que se quer trabalhar. Se preferir, você pode dar um nome a esses sentimentos (por exemplo, o Demônio da Raiva ou o Espírito da Depressão). Personalizar os conteúdos da sombra facilita a etapa seguinte, que é evocar sistematicamente seus demônios, com o objetivo de exorcizá-los.


Exorcismo da sombra:

Exorcizar os demônios, ao contrário do que o filme de William Friedkin e séculos de tradição católica dão a entender, não significa expulsá-lo. Isso seria o equivalente teológico da repressão e eles já estão mais do que reprimidos, obrigado. É por isso, aliás, que se tornaram destrutivos.

A palavra exorcismo vem do grego exos, exterior, e significa simplesmente trazer para fora o que estava oculto. Exorcizar um demônio significa apenas expor à luz da consciência um conteúdo que se encontrava reprimido no inconsciente.

Para isso, primeiro visualize a si mesmo no interior de um círculo de proteção ou visualize um círculo de proteção ao seu redor. Se achar necessário, pode traçar o círculo fisicamente, com giz ou que o valha, mas mentalizar um círculo de luz branca ao seu redor é o suficiente. Procure ver o círculo com a máxima nitidez possível. Sinta a proteção que ele oferece, isolando-o de todas as influências negativas, inclusive e sobretudo das forças que você vai evocar.

Em seguida, imagine um triângulo em frente a você, mas fora do perímetro do círculo. Ele corresponde ao triângulo da manifestação da Goécia clássica. Eu o vejo como um triângulo de luz vermelha, provavelmente porque a emoção característica da minha sombra é a raiva, mas a cor não é de fato importante. O essencial é imaginá-lo com nitidez e, de novo, se quiser, pode desenhar um triangulo concreto diante de seu círculo.

O passo seguinte é vivenciar a emoção que vai ser trabalhada. O momento ideal para isso seria quando ela surge espontaneamente, mas na maior parte das vezes isso é muito difícil, beirando o impossível. Um dos traços mais marcantes das emoções da sombra é seu caráter compulsivo e, no calor da emoção, não se pode censurá-lo por não conseguir parar para visualizar o círculo e o triângulo.




Evocando os Demônios Pessoais:

Em vez disso, depois de confortavelmente instalado em seu círculo, defronte o triângulo da manifestação, procure se lembrar das ocasiões em que você experimentou a emoção da sombra. Escolha apenas uma emoção de cada vez, ou será impossível lidar com a horda de demônios que vai irromper pelas janelas da mente.

Tente se lembrar não das circunstâncias externas, que são irrelevantes, mas das sensações que você teve quando a sombra irrompeu. Trate de evocar nos mínimos detalhes como você se sentiu nessas ocasiões.

Quando perceber que conseguiu estabelecer contato com a emoção, visualize-a fluindo de você para o triângulo da manifestação, onde ela se acumula como uma massa luminosa de intensidade crescente. Depois de algum tempo, essa massa vai se coagular e assumir uma forma concreta. Pode ser uma pessoa, um animal ou um objeto. Não tente antecipar ou impor uma forma, deixe que o processo seja espontâneo.

No entanto, caso ela surja sob o aspecto de uma pessoa real, de carne e osso, peça-lhe para adotar outra forma. Isso significa que você tende a projetar a emoção em questão sobre a pessoa que apareceu, e confundir as duas só vai trazer dor-de-cabeça para você e para a pessoa. Jung dizia que praticar qualquer espécie de imaginação ativa sobre a imagem de uma pessoa real é magia negra, e ele tinha toda a razão quanto a isso.


Pode ser que a imagem demore um pouco para se estabilizar, adotando várias formas seguidas, como se o conteúdo estivesse decidindo qual é a mais adequada. Mas, uma vez estabilizada, ela é o seu demônio. E está pronto para ser confrontado.


Agora eu tenho sua Atenção:

Uma questão importante antes de sair evocando os espíritos goéticos é: o que fazer quando eles aparecem? Você está escancarando os porões do inconsciente para dar passagem a seus piores demônios. Agora que eles estão plantados diante de você, como lidar com esses visitantes infernais?

Os magos medievais e renascentistas que usavam a Goécia não tinham grandes problemas com isso. Como eles trabalhavam com um sistema de crenças objetivo, a integração dessas forças à consciência não se colocava. Suas finalidades eram práticas até o talo: queriam conhecimento, poder ou diversão, e ponto final. Quando os espíritos goéticos surgiam, eles os botavam pra trabalhar. Depois, se tivessem cumprido sua tarefa a contento, recebiam uma licença para partir e tornavam a mergulhar nos porões sulfúreos do inconsciente, autônomos e não-integrados. Ou, se o mago não tivesse cumprido sua tarefa a contento, invadiam o círculo de proteção e se apossavam de sua alma (um fenômeno que a psicologia analítica conhece como inflação do ego e ao qual os psicólogos junguianos se referem como possessão do ego por um conteúdo do inconsciente).

Não admira que a Goécia tenha adquirido uma reputação tão ruim, não só entre os leigos, mas entre os próprios adeptos. Sempre que questionados sobre as operações goéticas, os membros da Golden Dawn saíam pela tangente, e davam a mesma resposta do Jesus de South Park: “Meu filho, eu não tocaria nisso nem com uma vara de dois metros.” E isso a despeito de ter sido McGregor Mathers quem traduziu a Clavícula de Salomão para o inglês.

No entanto, é preciso tocar nisso, com ou sem uma vara de dois metros.


Psicologia do Ego:

A resposta do necromante clássico é obviamente insatisfatória. Usar nossos demônios para atender desejos pessoais é colocar essas forças a serviço do ego. Seu equivalente contemporâneo poderia ser a ego psychology, que pretende drenar o inconsciente para criar um ego forte, plenamente adaptado ao princípio da realidade e capaz de submeter os “caprichos” do inconsciente ao domínio imperioso de sua vontade (que não deve ser confundida com a Verdadeira Vontade de Crowley e da Thelema).

Isso é o oposto da integração.

Os espíritos goéticos devem ser integrados à consciência, e não ao ego, e enquanto essa distinção não for compreendida, não importa o rótulo que se empregue, estaremos praticando magia negra da pior espécie.

O que fazer?, perguntaria o camarada Lênin, confiando seu cavanhaque com o olhar perdido no vazio.


O que fazer?


Diálogo com a Sombra:

Os espíritas diriam que é preciso doutrinar os espíritos, isto é, esclarecê-los quanto à verdadeira doutrina de Kardec, tirá-los das trevas da inconsciência e permitir que eles se aperfeiçoem pela prática de obras de caridade.

Contenha o sorriso, meu caro leitor cínico. Eles estão certos.

Não da maneira que eles pensam, evidentemente. Os espíritas pecam por uma certa ingenuidade e uma compreensão literal das coisas – daí acreditarem piamente que existem linhas de ônibus em Nosso Lar – mas, talvez até por causa de sua inocência, descobriram um princípio importante.

Os espíritos são tirados do inconsciente através do diálogo.


Os espíritos são integrados à consciência estabelecendo-se uma conexão entre eles e alguma coisa maior que o ego.


Além do Ego:

Esse eixo de referência maior que o ego é, evidentemente, o Self – ou o SAG, se você preferir o vocabulário mágico.

É isso que significa o círculo mágico de proteção. O círculo é o emblema geométrico do Self, e você vai notar que, na descrição da Clavícula, não é o nome do mago que está escrito em sua periferia, mas os nomes de Deus. Você notará também que mesmo a invocação goética tradicional conclama os espíritos a obedecerem em nome de Deus. É claro que invocar o poder divino para obrigar o espírito a encher seus cofres de ouro é uma traição do ego, mas o ponto não é esse. O ponto é que a força que submete os espíritos se origina de além do ego.

Desnecessário dizer, se o mago não tiver estabelecido ele próprio essa conexão entre a consciência e o Self, a evocação goética não passa de palavrório vazio. Pior que isso, é um blefe, porque o mago estará se apoiando em um poder que ele não possui. E um blefe que, com toda a probabilidade, não vai demorar a ser desmascarado, uma vez que, se a consciência não estiver solidamente ancorada no Self, não terá como fazer frente ao fascinium tremendum que emana dos complexos do inconsciente e que é descrito nos tratados tradicionais como a irresistível capacidade de sedução dos espíritos infernais.

O resultado disso, numa palavra?

Loucura.

Foi só porque teve o bom-senso de se amarrar ao mastro do navio que Ulisses pôde resistir ao canto das sereias.

É por esse motivo que, segundo Abramelin, o trato com os espíritos infernais vem depois da conversação com o Santo Anjo Guardião. Abramelin vai ainda mais longe e diz que é o próprio SAG quem ensina o mago a melhor maneira de evocar e controlar os espíritos. E adverte enfaticamente sobre o risco mortal que é a evocação dos espíritos infernais sem a imprescindível retaguarda fornecida pelo SAG. Esqueçam estes charlatões prometendo contato com kiumbas e eguns; eles não têm poder para nada, se tivessem, estariam ricos e não precisariam vender pactos para viver. Os verdadeiros demônios que podem ser negociados estão dentro de cada um de nós.

Por Lucio Manfredi, no site Anoitan.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

WICCA



Origens:

Wicca é uma religião baseada, em parte, na cultura dos povos do norte da Europa antiga, de crença Pagã em uma deusa da fertilidade e no seu consorte, um deus cornífero. Embora como religião seja uma criação moderna, uma de suas fontes, o Paganismo, data de muitos séculos antes da era Cristã.
Paganismo é o nome genérico que se dá às práticas religiosas que surgiram na Era Paleolítica e Neolítica, onde as crenças espirituais eram centradas no feminino, nos ritos da fertilidade, no culto aos antigos deuses da natureza, nas celebrações das colheitas e plantio..
A Bruxaria busca resgatar o divino feminino e o papel das mulheres na religião como Sacerdotisas da Grande Mãe. Muitas vezes chamada de Religião da Deusa, a Arte, Religião Antiga, não é uma fantasia de mentes deturpadas ou de pessoas que se supõem dotadas de poderes mágicos, mas sim uma religião capaz de acolher pessoas das mais variadas idades, raças, posições sociais e todos aqueles que vêem em seus ritos uma forma real de se conectarem com o Divino e com a natureza.
A maioria dos Wiccan não acredita que sua religião é uma descendente direta e contínua desta religião mais antiga, vêem-na como uma reconstrução moderna da antiga Religião Celta.
As fontes do renascimento do Paganismo podem ser rastreadas no início do século XX com os trabalhos da antropóloga Margaret Murray(1863 - 1963) . Ao examinar os vários registros de julgamentos da Inquisição, Murray desmascarou o Diabo dos relatos de Bruxas e Bruxos que foram executados e em seu lugar encontrou o Deus Cornífero, a Divindade cultuada pelos pagãos e que os inquisidores tinham transformado na corporificação do mal.
Margaret Murray foi autora do cult "A bruxa na Europa Ocidental" e "O Deus das Bruxas". Estes livros promoveram o conceito de que algumas das bruxas que foram eliminadas pelo Catolicismo Romano e pelos Protestantes durante as "épocas ardentes" (1450-1792), eram restos de uma religião dominante na Europa do pré-Cristianismo. Seus textos não foram bem recebidos por antropólogos, entretanto, forneceram o material de fundo para as tradições Neopagãs.
A medida que ia mais fundo em seus estudos, Murray encontrou o equivalente feminino do Deus, a Deusa e desta forma desmistificou todas as antigas superstições e estigmas negativos atribuídos à Bruxaria e identificou-a como o mesmo culto à fertilidade que surgiu muito tempo antes do Cristianismo.




Em 1951 quando a última das leis contra a Bruxaria foi revogada, Gerald Gardner(1884 - 1964), saiu das sombras e defendeu as posições de Margaret Murray, declarando que a Bruxaria tinha sido a religião dos antigos europeus e que continuava a ser uma religião verdadeira para muitas pessoas e que teria sobrevivido através de anos sucessivos de supressão sob o nome de Wicca.
Gerald Gardner , fundou um Coven Wicca em 1939, e fazendo uma consulta dos votos usuais do Coven, persuadiu-os a que o deixasem publicar um livro em 1949 sobre a Wicca, no formato de uma novela. Revelou com cuidado algumas de suas crenças e relatou as perseguições históricas sofridas pela velha religião e como esta havia resistido.
Adicionou muitos rituais, símbolos, conceitos e elementos da magia cerimonial, da Franco-maçonaria e de outras fontes às crenças e práticas dos Coven, a maioria das quais tinham sido há muito esquecidas. escreveu o witchcraft já em 1954 em que descreveu detalhes adicionais sobre a fé. Escreveu sobre o sentido do witchcraft onde descreveu em detalhes a história da Wicca na Europa do norte. Desta forma, Gardner lançou uma nova luz às práticas da Bruxaria, dando origem assim à um grande movimento Neo-pagão de reavivamento das práticas e ritos da Velha Religião..
Desde então o movimento Pagão cresceu substancialmente e muitos Bruxos que tinham sido instruídos por suas famílias, durante décadas, a manterem-se em segredo, decidiram sair das brumas e se tornarem visíveis e assim em pleno século XX ressurge uma religião que busca celebrar novamente a natureza, os Deuses Antigos e que busca inspiração nos seus ritos no culto à Deusa e ao Deus.




A Wicca na atualidade:

As práticas Pagãs, dando destaque maior à Wicca, se expandiram de uma forma inacreditável pela América do Norte e Europa. Hoje o número de Bruxos somam aproximadamente 250.000 nos EUA, ultrapassando inúmeras religiões tidas como convencionais, dentre as quais o Budismo e o Universalismo Unitário. O Censo canadense de 1991 registrou 5.530.000 Neo-pagãos que seriam compostos principalmente de Wiccanianos, outra pesquisa realizada em 1997 constatou a existência de 12 milhões de Bruxos em todo o mundo. Porém, acredita-se que o número atual é muito maior, pois muitos não expõem sua condição religiosa publicamente.
A Wicca é formada por grupos de tradições religiosas, alguns estão fortemente estruturados, enquanto que a maioria é eclética. Muitos, talvez a maioria dos Wiccans sejam praticantes solitários.
Os Wiccans adoram uma deusa e seu consorte, um deus cornífero
Seu símbolo principal é o pentagrama ereto (uma estrela de cinco pontas com duas pontas para baixo e uma para cima), às vezes dentro de um círculo para dar forma a um pantáculo.
Seus grupos são chamados covens, sua regra de comportamento é chamada Rede Wicca que significa : "faça o que desejar, desde que não prejudique ninguém, inclusive você mesmo". Aos Wiccans não é permitido dominar, manipular, controlar, ou prejudicar o outro.




A Wicca sustenta-se sobre 3 conceitos básicos:
1) O papel preponderante da Deusa em suas práticas e ritos em vez de um Deus masculino, cultuando também os Antigos Deuses da natureza e o Deus Cornífero, considerado filho e consorte da Deusa.
2) A utilização da Magia Natural como forma de atingir nossos desejos e mudar os fatos.
3) A crença na reencarnação, vista não somente como uma forma de evolução, mas também como o desejo de retornar no mesmo tempo e local das pessoas amadas.


Os propósitos da Wicca são mostrar a necessidade da reconexão com a natureza, com os ritmos e ciclos naturais do Sol e das Estações e a busca de um novo equilíbrio do homem com o seu meio ambiente.
A Roda do Ano representa o sagrado círculo onde a Deusa virgem concebe seu filho, o vê crescer, se apaixona por ele, até que a morte leve-o a Terra da Juventude Eterna, para novamente renascer.
Muitas pessoas tem dificuldade de aceitar que o deus morra, por não entenderem que ele realmente é Eterno - tão eterno quando a natureza. Ele sacrifica-se para dar continuidade a própria vida, fechando o Sagrado Círculo - Criação, crescimento, apogeu e declínio. A Destruição do velho revigora a força Natural, pois este é substituído pelo novo.





OS SABBATHS
(Adaptado para o Hemisfério Sul)

Essa Roda é marcada por oito Sabbaths, são eles:
Yule - 21 de junho
Imbolc - 2 de agosto
Ostara - 21 de setembro ( Equinócio de Primavera )
Beltane - 31 de Outubro
Litha - 21 de dezembro ( Solstício de Verão )
Lammas ou Lughnasadh - 2 de fevereiro
Mabon - 21 de março ( Equinócio de Outono )
Samhain - 1 de maio



Os Esbats:

Além dos Sabbaths, que são as principais comemorações da Wicca, existem os Esbats, que são os Rituais da lua cheia. A cada 28 dias homenageia-se a Lua, como símbolo da Deusa, em suas manifestações, como a influência nas marés, nas colheitas, etc.


Os Bruxos amam e cultuam a natureza e através dela procuram integrar mente, corpo e alma. Acreditam que para evoluírem integralmente devem sentir-se parte integrante da Terra, que é a própria Deusa. Esta atitude é a essência da Wicca!


Se você deseja tornar-se um(a) bruxo(a) e não pode ser iniciado(a) por um COVEN – (Grupo de Wicca) ou prefere trabalhar como um(a) solitário(a), pode iniciar-se na arte e dedicar-se à Deusa (Mãe) e ao seu consorte o Deus (Pai), realizando o ritual de Auto-Iniciação em uma noite de lua cheia ou crescente ou em qualquer um dos oito Sabbaths ou ainda no seu aniversário. Caso queira receber o "Ritual de Auto iniciação", envie-nos um Email identificando-se e preenchendo o assunto com a palavra "Wicca".


Ou, se preferir, venha fazer o nosso Curso de Magia Wicca. Neste curso introdutório, de um dia, você irá aprender os principais fundamentos da Wicca. Sua origem, sua história, a Deusa e o Deus, Deidades, a Roda do Ano, os ritos solares e sazonais realizados nos Sabaths, os ritos lunares realizados a cada 28 dias nos Esbaths, a magia dos elementos, oráculos e muito mais. O Curso se encerra com um Ritual de Iniciação maravilhoso, onde você será consagrada(o) Bruxa(o) no grau de Noviça(o) de acordo com a tradição Gardneriana.

Fotamecus



História:
Fotamecus era originalmente um sigilo criado na primavera de 1996 quando eu mostrava ao Profeta Louco algumas técnicas de sigilação. O Profeta Louco guardou o papel que havíamos usado para a demonstração e começou a usar ele enquanto estava dirigindo; o intento do sigilo era para “Forçar o Tempo a se Comprimir”. Ruben, um amigo nosso, entrou nessa, e eles dois começaram a dar energia para o sigilo.

Fotamecus cruzou a linha sigilo/servidor depois que Ruben e o Profeta Louco assistiram ao show do Metallica em Sacramento, no qual se diz que Quinn sorriu e teria olhado maldosamente para a multidão e murmurado “gnose livre…” antes de se abrir para canalizar [energia] e se entregar ao mosh. Durante a volta, despejaram toda a energia em excesso em Fotamecus, e voltaram para casa com metade do tempo que eles normalmente levariam.

Fui informado disso e fiquei intrigado, e durante a Peregrinação no Death Valley (três dias numa van com sete magos do caos) Fotamecus foi posto à prova: o grupo dirigiu grande energia à ele para que nos ajudasse a cobrir o caminho de Santa Rosa (norte de San Francisco) ao Death Valley mais rapidamente.

Na primeira parada da viagem todos olhamos para o relógio depois de entrar em Vallejo. Quinze minutos mais tarde havíamos viajado quinhentas milhas, através do MacArthur Maze (o mais vertiginoso encontro de rodovias conhecido pelo homem), isso no tráfego do dia de Ação de Graças. O segundo carro que ia conosco se perdeu imediatamente atrás de nós, e eles não haviam parado de dirigir. Nunca pararam. Desperdiçamos 45 minutos em Livermore antes de voltar para a estrada e coincidentemente nos encontrarmos com o segundo carro novamente.

Havia ali um efeito que se manifestava de apenas um lado.

As últimas três entradas em I-5 antes de Bakersfield, que deveria ter tomado uns 15 minutos, tomaram perto de uma hora. Tempo comprimido, tempo expandido.

Para nós, expandido num dos trechos mais cansativos da estrada na Califórnia.

Neste ponto, vários dos meus amigos e eu sentamo-nos e fizemos alguns trabalhos sobre Fotamecus, tornando-o um servidor viral: ele poderia criar cópias de si mesmo. Nós unimos os Fotamecus em uma rede de modo que se um comprimisse o tempo, mas não quisesse que ele se
expandisse, isso passava a ser dever de outro Fotamecus na rede. Eles todos trabalham junto com as várias cópias de fora, e o melhor é que funciona.

Sigilos:
Fotamecus era um sigilo que depois se tornou consciente e se tornou um servidor.

Modificações foram feitas no sigilo original de modo a torná-lo um servidor viral. O sigilo do servidor viral Fotamecus segue à esquerda.

A palavra “Fotamecus” em si é o sigilo mântrico original a partir do qual foi criado o sigilo gráfico. Além de se concentrar no sigilo gráfico, existe a possibilidade de se focar pela audição entoando o sigilo mântrico “fo-tuh-meh-kus” (N.T. Como o texto original é em inglês, a leitura aproximada para isso é “fo-tiuh-méh-kius”).

Instruções de Uso:

Criando e usando uma nova cópia:
1. Estique seu dedo indicador;

2. Trace o sigilo de Fotamecus – pode ser no ar, ou em algum meio físico. Ao mesmo tempo em que você desenha o sigilo, visualize um raio de luz octarina saindo de seu terceiro olho (N.T. O terceiro olho é Adjna, cuja cor é lilás) em direção ao seu indicador enquanto desenha o sigilo. Deixe a cópia octarina brilhando aonde você a desenhou;

3. Use o Fotamecus, focando no sigilo atrás de você, enviando-lhe muita ou pouca energia (como preferir), juntamente com a intenção de expandir ou comprimir o tempo. E, como sempre, siga o princípio “Lixo dentro, Lixo fora”, dando a ele a energia que necessita;

4. Instrua Fotamecus de como ele deveria reciprocamente esticar/comprimir o tempo. Por exemplo, se ele expande o tempo para você, pergunte a ele como contratá-lo na próxima vez que você dirigir para algum lugar. Se você comprimiu tempo, peça a ele para expandi-lo na próxima vez na hora de acordar, dando-lhe mais tempo para subir. Ou a coisa mais fácil de fazer é pedir para que passe a expansão/compressão para outro servidor na cadeia viral, deixando alguém que precise, usá-lo;

5. Sente-se (afaste-se) e veja o que acontece!

Pegando uma petição de ajuda de um servidor Fotamecus distante:
1. Acalme sua mente por um momento;

2. Envie uma chamada com sua mente, pedindo para Fotamecus vir e te ajudar, dizendo a ele brevemente se o que você precisa de tempo expandido ou comprimido;

3. Continue fazendo o que estava fazendo, e veja se funciona.

Notas
• Quando se usa Fotamecus, é mais fácil simplesmente mandar energia durante o intento de comprimir ou expandir o tempo. Fotamecus é bastante inteligente e cuida do resto.
• Depois de carregar, não se preocupe com ele. Fotamecus parece trabalhar melhor se você se esquece que ele está trabalhando por aí. A maioria dos efeitos são notados mais tarde: “Ei, faz só quinze minutos e meu CD já tocou duas vezes…”
• Existem algumas pessoas que, depois de trabalharem com Fotamecus, obtiveram algum sucesso com visualizações envolvendo puxar o tempo controlando o seu fluxo através de si mesmas e melhor que ele. Mas Fotamecus parece ficar irritado se você começa a fazer seu trabalho melhor do que ele, então não espere que o servidor trabalhe bem novamente se você começar a controlar o tempo por si mesmo. Não que você vá precisar dele nesse ponto.
• Talvez a melhor imagem para representar Fotamecus seja um relógio sendo esmagado por uma marreta. Relógios trabalham com o premissa de que o tempo é estável e mensurável. Fotamecus trabalha com a premisssa de que o tempo é instável e maleável.
• O servidor é bastante trabalhador, serviçal, e de uma personalidade dócil. Sua personalidade dócil e compreensiva é provavelmente devida em grande parte aos seus pais: sete amigos caoístas da faculdade enfiados numa van para uma longa viagem durante o dia de Ação de Graças, da Bay Area até o Death Valley em 1996. Olhando para quem ele viria a ser quando estava “crescendo” (desenvolvendo as partes anteriores de sua personalidade que estavam ainda não formadas e deixadas para espontaneidade), é difícil imaginar que ele poderia vir com algo além de “fácinho”.
• Por favor, me mande e-mail com quaisquer questões, comentários e histórias interessantes [N.T. o email do criador do artigo é fenwick@chaosmatrix.com, como consta no link do qual retiramos o texto].

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